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Uma história verdadeira!!!A ESTRANHAAlguns anos depois que nasci, meu pai conheceu uma estranha, recém-chegadaà nossa pequena cidade.Desde o princípio, meu pai ficou fascinado com esta encantadora personageme, em seguida, a convidou a viver com nossa família.
A estranha aceitou e, desde então, tem estado conosco.
Enquanto eu crescia, nunca perguntei sobre seu lugar em minha família;na minha mente jovem já tinha um lugar muito especial.
Meus pais eram instrutores complementares... minha mãe me ensinou o que erabom e o que era mau e meu pai me ensinou a obedecer.
Mas a estranha era nossa narradora.
Mantinha-nos enfeitiçados por horas com aventuras, mistérios e comédias.
Ela sempre tinha respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber depolítica, história ou ciência.
Conhecia tudo do passado, do presente e até podia predizer o futuro!
Levou minha família ao primeiro jogo de futebol.
Fazia-me rir, e me fazia chorar.
A estranha nunca parava de falar, mas o meu pai não se importava.
Às vezes, minha mãe se levantava cedo e calada, enquanto o resto de nósficava escutando o que tinha que dizer, mas só ela ia à cozinha para terpaz e tranquilidade. (Agora me pergunto se ela teria rezado alguma vezpara que a estranha fosse embora).
Meu pai dirigia nosso lar com certas convicções morais, mas a estranhanunca se sentia obrigada a honrá-las.
As blasfêmias, os palavrões, por exemplo, não eram permitidos em nossacasa… nem por parte nossa, nem de nossos amigos ou de qualquer um quenos visitasse.Entretanto, nossa visitante de longo prazo usava sem problemas sualinguagem inapropriada que às vezes queimava meus ouvidos e que faziameu pai se retorcer e minha mãe se ruborizar.Meu pai nunca nos deu permissão para tomar álcool.Mas a estranha nos animou a tentá-lo e a fazê-lo regularmente.Fez com que o cigarro parecesse fresco e inofensivo, e que os charutose os cachimbos fossem distinguidos.Falava livremente (talvez demasiado) sobre sexo.Seus comentários eram às vezes evidentes, outras sugestivos,e geralmente vergonhosos.
Agora sei que meus conceitos sobre relações foram influenciadosfortemente durante minha adolescência pela estranha.
Repetidas vezes a criticaram, mas ela nunca fez caso aos valores demeus pais, mesmo assim, permaneceu em nosso lar.
Passaram-se mais de 50 anos desde que a estranha veio para nossafamília.Desde então mudou muito; já não é tão fascinante como era no princípio.Não obstante, se hoje você pudesse entrar na guarida de meus pais,ainda a encontraria sentada em seu canto, esperando que alguémquisesse escutar suas conversas ou dedicar seu tempo livre afazer-lhe companhia...
Seu nome? Ah. seu nome…Chamamos-na de TELEVISÃO!É isso mesmo; a intrusa se chama TELEVISÃO!Agora ela tem um marido que se chama Computador, um filho que sechama Celular e um neto de nome Tablet.A estranha agora tem uma família.A nossa será que ainda existe?
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