NA BOHEMIA, COM ESPIRRO
por Aguinaldo Silva
(de Aguinaldo – e indignado – Silva)
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Em toda a minha vida de frequentador – e proprietário – de restaurantes nunca fui tão humilhado quanto hoje, no restaurante da Cervejaria Bohemia, aqui em Petrópolis. Resolvi ir lá porque ele me foi aconselhado por ninguém menos que um executivo da AMBEV, e além disso dá pra ir a pé da minha casa. Cheguei, um garçon perguntou quantos éramos, eu disse que estava só e a reação escandalosa dele propagou-se entre os seus colegas que observavam a cena: "uma pessoa sòzinha?!…" Ele olhou em torno – a casa estava praticamente vazia – e concluiu: "não sei se temos mesa".
Apontei uma para duas pessoas e perguntei: "posso sentar ali?" O garçon: "aquela é pra duas pessoas… Mas eu posso providenciar uma para quem está sozinho". E plantou uma mesa mínima no local mais acintoso do salão, onde até as garrafas de cerveja pudessem me ver e rir às minhas custas.
Sentei, e aí surgiu outro problema. Como aquela mesa não estava no mapa da casa, nenhum garçon se sentiu obrigado a servi-la. A moça de piercing no nariz e voz grossa a quem foi imposta essa tarefa simplesmente entrou por uma porta e não mais apareceu até que eu saísse.
Por uma questão de atitude pensei: "vou até o fim pra ver como acaba essa história de merda". Chamei um garçon, dois, três… E como eles sempre diziam que aquela mesa não era deles eu proclamei alto e bom som: "vou denunciar vocês ao Procon por preconceito!"
Aí veio alguém e atendeu o meu pedido – uma salada a Bohemia e um picadinho a Bohemia, além de um drinque chamado Bohemia Twist, porque lá – mau gosto supremo! – eles não servem outra coisa que não seja cerveja… E da casa.
A salada veio rápida. O picadinho demorou, mas o rapaz que o trouxe da cozinha, ainda longe da minha mesa, espirrou em cima do prato e seus colegas, que o observavam, caíram na maior gargalhada. Detalhe: vários garçons, entre uma ida e outra às mesas, bebem chope às escondidas. Resolvi não me dar por achado. Tasquei pimenta no prato e o comi com espirro e tudo. Depois pedi a conta, e claro, não dei gorjeta.
A essa altura já tinha twitado, de modo bastante sumário, o que estava me acontecendo, e que tentei destrinchar a caminho da minha casa. Nenhum garçon do restaurante da Cervejaria Bohemia tem mais de 27 anos (se é que se pode chamar de "garçon", uma profissão honradíssima, àquele bando de desocupados). O visível preconceito deles contra mim seria por quê: por que eu estava só ou porque aos olhos deles eu não passo de um velho caquético?
Qualquer que seja o motivo é imperdoável. Por isso, resolvi escrever sobre o fato, e dizer a Gilmar Carvalho, executivo da AMBEV que me aconselhou, na festa de encerramento do Petrópolis Gourmet, a ir num dia comum conhecer o novo restaurante: desculpe meu caro, mas com este pessoal do salão vocês não irão longe… Além de mal educados nenhum deles é do ramo.
(cuidado, que ele espirra!)
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