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Não preciso que ninguém pague a minha conta do restaurante: trabalho desde os 20 anos e posso muito bem arcar com o preço da minha almôndega.
Não preciso que ninguém puxe a cadeira para que eu sente: tenho braços e o mínimo de coordenação motora para realizar a tarefa.
Não preciso que ninguém abra a porta do carro para eu entrar: posso muito bem fazer isso sem cair de cara no meio-fio.
Realmente posso fazer tudo isso sozinha. Mas adoro quando um homem faz por mim.
Cavalheiros são uma raça superior. E mulheres que sabem receber essas delicadezas sem chiliques, também. Nada mais ridículo do que uma feminista ensandecida que interpreta uma simples gentileza masculina (o fofo chamar o garçom para servir o vinho, por exemplo) como uma ameaça devoradora à sua independência. Parece que ele está querendo extirpar o clitóris da cidadã. Ah, vá catar coquinho! Toma o vinho e pronto: deixe o cara ser homem e cuidar.
Eu adoro mimos masculinos. Quanto mais flores chegarem ao meu trabalho, melhor. Curto que cedam a passagem para mim na escada rolante. Se ele quiser ficar do lado da rua enquanto andamos na calçada, tudo bem: não me sinto ameaçada na minha liberdade porque ele prefere que eu não seja atropelada. É uma tremenda mentira dizer que afagos cavalheirísticos não fazem falta nestes tempos de tantas obrigações e cobranças, nesta época de deveres infindáveis. Para que me privar de coisas tão boas quanto ter uma jaqueta colocada sobre as minhas costas numa noite de vento frio? Aceito ser a parte mais fraca se isso significa ser cuidada com carinho.
Mas homem cavalheiro é um troço difícil de achar. E a culpa é, em boa parte, das mulheres: se parássemos de reclamar da falta de modos e galanteios dos machos e nos tornássemos melhores professoras (seja como fêmeas, seja como mães), todas estaríamos mais satisfeitas. No final das contas, eles são frutos da nossa educação. Se a maioria tem o grau de gentileza de um hooligan é porque deixamos de mostrar que ser zeloso não é sinônimo de ser veadinho e que ser carinhoso não broxa. É porque nos omitimos na hora de apontar a trilha certa e só saímos da moita no momento de dar bronca porque eles enfiaram o pé no estrume.
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