A mais miraculosa máquina do mundo
Camões Filho
Há algum tempo fiquei uma semana sem computador. Essa maquininha de fazer doido está tão integrada em nossas vidas que uma semana sem o PC é pior que sete dias a pão e água. Dá angústia, delirium tremens, igual quem quer parar de beber ou fumar. O sujeito tenta de tudo, conversar com a sogra, ligar para um antigo desafeto ou assistir novela da Globo, mesmo sem entender bulhufas o que está rolando. Vale até tentar ler finalmente o Ulysses do Joyce, cujas páginas iniciais foram lidas no carnaval de 1980.
A coisa, portanto, é feia. Não falo que a coisa é preta pois posso ser patrulhado pelo pessoal ecologicamente correto.
Daí você pega o seu PC bichado, infestado pelos mais variados vírus que hackers desconhecidos enviam com os mais variados disfarces, e procura um técnico pra solucionar o problema. Percorre ene oficinas. Cada um fala uma coisa e cobra os olhos da cara. Você vê então que está com um pepino na mão e tem vontade de pegar o bicho e destruí-lo a marretadas. E comprar um novinho, mais moderno e mais completo.
Bicho estranho esse tal de PC, ou Personal Computer, caso você seja um nerd de óculos acima de cinco graus. Supra-sumo da evolução tecnológica, o computador tem coisas que chegam às raias do ridículo. Você já notou isso? Quando você cansou de navegar e quer desligar o aparelho – isto é, sair, finalizar – você entra no "Iniciar". Pô, mas eu quero é sair e tenho que ir no iniciar?
Computador é igual coração de mãe, sempre cabe mais um programa ou arquivo. Deve ser por isso que ele tem uma tal de "placa-mãe". Evoluído, nele o internauta lê livros, jornais, revistas, redige textos, pesquisa em museus, bibliotecas, repartições públicas e privadas de todo o mundo. Pinta, borda, namora, trabalha, se diverte, vê filmes, ouve música. Mas sua memória pode pifar e virar uma mera lembrança.
Tenho um amigo avesso às modernidades. Ele nem chegou à máquina de escrever elétrica ainda. Escreve seus textos com a velha e boa esferográfica. Tem gente que olha para ele como sendo assim tipo Homo neanderthalensis, que surgiu há mais de 200 mil anos.
Daí você pega seu PC novinho, cheirando novidade. Liga na tomada e nada acontece se seus dedos não tocarem no teclado, movimentar o mouse. O bichinho é ótimo, tem não sei quantos megas, Windows de última geração, mas nada faz se outro bicho, o Homo sapiens, criado à imagem e semelhança de Deus, não conduzi-lo. Ou seja, a diferença é o ser humano, esta sim, a mais miraculosa maquina do mundo.
De repente a gente se pega assim, filosofando. Que falta faz um computador!
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Camões Filho, jornalista, escritor e pedagogo, é membro titular da Academia Taubateana de Letras. E-mail:camoesfilho@bol.com.br
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ELZINHA SILVEIRA
www.elzinha-semalgemas.blogspot.com
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