[MISTURANDO-IDEIAS] Fwd: A CRÔNICA DO DIA - CAMÕES FILHO - "ADEUS A LIZ TAYLOR"

Adeus aos velhos olhos azuis violetas de Liz Taylor

Camões Filho

            A notícia da morte de Elizabeth Taylor me pegou vendo um filme bem trash na televisão. Quando estou cansado, estressado, chateado, costumo reler algum livro ou ver um filminho bem vagabundo, tipo sessão da tarde. Funciona melhor que calmante.

            Aqueles olhos azuis violetas irromperam na tela e uma voz em off anuncia que "morreu hoje, aos 79 anos...."

            Pronto, Liz Taylor morreu.

            "Conheci" essa grande atriz assistindo um filme onde ela, ainda menina, veja só, aparece ao lado da cachorra Lassie, grande sucesso do cinema americano. Um filme pra mim inesquecível. Lá com meus 15, 16 anos, assisti impactado "Gata em teto de zinco quente", quando ainda desconhecia a existência do genial Tennessee Williams. E jamais entendi perfeitamente por que Richard Burton agia daquele modo, bebia tanto e maltratava daquele jeito a bela Liz em "Quem tem medo de Virginia Wolf?"

            Aqueles olhos azuis violetas encantaram a muitas gerações, inclusive a minha. Quando ela surgiu radiante na tela do velho cine Palas, carregada numa liteira por escravos em "Cleópatra", eu e meus amigos ficamos embasbacados. Um filme longo, arrastado, quase quatro horas de duração. A gente sofria naquelas cadeiras de madeira do velho cine Palas mais que escravo egípcio. Mas Liz Taylor compensava a todo sofrimento.

            Agora os velhos olhos azuis violetas de Liz Taylor se cerravam para sempre. Com ela, morre um pouco mais do encantamento do cinema, daquela Hollywood que apostava mais no talento do que na tecnologia.

            Elizabeth Taylor foi a grande dama do cinema mundial. Mesmo de roteiros mal traçados e de personagens mal concebidas, ela tirava interpretações magistrais. Como ela, hoje, restam poucas atrizes assim. Arrisco a dizer que, atriz como ela, hoje contamos nos dedos de uma mão. Dentre elas, sem dúvida, incluo a nossa inigualável Fernanda Montenegro.

            Liz Taylor foi de uma época onde a magia do cinema não terminava no indefectível "The End". A magia, a beleza, o encanto nos acompanhavam quando deixávamos as salas de exibição, conviviam conosco em nossa vida cotidiana, nos inspirando e nos fazendo pessoas melhores e mais felizes.

            Liz Taylor foi a namoradinha de todos os mocinhos de minha aldeia e de toda essa imensa aldeia global, o nossa planeta água, esse grande balão azul, tão azul quanto seus olhos, que agora descansam em paz.

            Liz Taylor, diferente de muita gente, soube envelhecer tranqüila e em paz. Quando aquele que foi seu grande amor - Richard Burton, tanto que eles se casaram duas vezes, nos deixou, lá nos anos oitenta do século passado -, Elizabeth Taylor passou a dedicar sua vida às causas beneméritas, de modo especial em à luta contra a Aids.

            Portanto, mais do que uma grande atriz, uma artista maravilhosa, o mundo perdeu esta semana uma mulher especial, grandiosa como foi seu talento. O mundo ficou mais triste, menos colorido sem esses lindos olhos azuis violetas...