Carlos do Carmo O homem das castanhas Música: Paulo de Carvalho Letra: Ary dos Santos Na Praça da Figueira, ou no Jardim da Estrela, num fogareiro aceso é que ele arde. Ao canto do Outono, à esquina do Inverno, o homem das castanhas é eterno. Não tem eira nem beira, nem guarida, e apregoa como um desafio. É um cartucho pardo a sua vida, e, se não mata a fome, mata o frio. Um carro que se empurra, um chapéu esburacado, no peito uma castanha que não arde. Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado o homem que apregoa ao fim da tarde. Ao pé dum candeeiro acaba o dia, voz rouca com o travo da pobreza. Apregoa pedaços de alegria, e à noite vai dormir com a tristeza. Quem quer quentes e boas, quentinhas ? A estalarem cinzentas, na brasa. Quem quer quentes e boas, quentinhas ? Quem compra leva mais calor p'ra casa. Quem quer quentes e boas, quentinhas ? A estalarem cinzentas, na brasa. Quem quer quentes e boas, quentinhas ? Quem compra leva mais calor p'ra casa. A mágoa que transporta a miséria ambulante, passeia na cidade o dia inteiro. É como se empurrasse o Outono diante; é como se empurrasse o nevoeiro. Quem sabe a desventura do seu fado ? Quem olha para o homem das castanhas ? Nunca ninguém pensou que ali ao lado ardem no fogareiro dores tamanhas. Quem quer quentes e boas, quentinhas ? A estalarem cinzentas, na brasa. Quem quer quentes e boas, quentinhas ? Quem compra leva mais amor p'ra casa. Quem quer quentes e boas, quentinhas ? A estalarem cinzentas, na brasa. Quem quer quentes e boas, quentinhas ? Quem compra leva mais amor p'ra casa. |
::C:: O homem das castanhas
09:03 |
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