Regis Mesquita
Por que o ser humano possui tanta dificuldade de dizer coisas boas? Insegurança? Medo? Vaidade? Orgulho?
O grande poeta John Donne escreveu um poema chamado O Triplo Louco. Ele começa assim:
"Sou duplamente louco, confesso,
Por amar demais e
Confessá-lo em verso.
Mas quem não quereria estar em mim
Se ela dissesse SIM"?
Ele se acha um louco por amar e mais louco ainda por confessar o amor. A recompensa seria um sim da mulher amada. Portanto, a vida é risco, os sentimentos nobres geram risco. Geram risco porque colocam a vida em movimento; o resultado é a perda de controle.
A decisão é da mulher amada. Ele ama, ela escolhe se retribui ou não. Amar é a perda de controle, a dúvida, o não saber, o risco. Dizer eu te amo é aumentar o descontrole, transferindo definitivamente para o outro a decisão: quero ele ou não.
A vida da maior parte dos seres humanos é organizada para diminuir os riscos. Mesmo que o resultado seja a morte "da alma". Se não amo ninguém, não dependo de ninguém. Pode ser também: amo meu cachorro porque ele não me abandona – o animal, escravo de um ambiente fechado, profundamente dependente e sem conhecer outras opções, sempre recompensa seu provedor. Risco quase zero de perda de controle.
"Se eu disser "te amo", ela vai fazer pouco caso de mim. Não dizendo nada, não sou desprezado". Quantas vezes as pessoas escolhem estes jogos neuróticos para se protegerem. Tornam a vida mais pobre, assim imaginam que ela será mais segura.
Segurança e certeza só existem onde há repetição constante das mesmas coisas – estagnação. A inovação e o inesperado (espontaneidade) quase sempre são idealizados, cantados, falados, mas POUCO PRATICADOS.
Surge dentro do ser humano uma necessidade de JUSTIFICAR o ficar estagnado. Para justificar são criadas dezenas de mentiras ou de regras. A vida fica mais confusa e mais chata. Observe – ANTES de amar as pessoas já tomaram uma decisão, que ajuda a "inutilizar" o amor: "Quero segurança. Preciso paralisar a vida, preciso de certezas, não agüento o risco".
A vida em sua essência é inexplicável. Ela acontece e, em parte, somos testemunhas de nossa própria existência. Para controlá-la temos que tentar paralisar as forças vitais que encaminham a nossa vida para lugares e situações que vão muito além dos nossos desejos e das nossas vontades. Outra opção é ter coragem para permitir seguir o desconhecido. É desta forma que aprendemos aconfiar nestas forças vitais que vibram em nosso interior e à nossa volta. John Donne se acha louco por dar vazão a estas forças internas…
A vida boa é intensa. A vida na qual Deus vibra é inexplicável. Esta vida flui, e não somos plenamente donos dela. Somos testemunhas e partícipes. Desapegamos e confiamos. Seguimos e não dirigimos. É a incerteza. O amor se vive, não se controla. A vivência espiritual se vive, não se controla. É o momento do amor, é o momento da vivência espiritual. Não escolhemos.
Qual é a escolha mais comum: o apego, o medo, a fuga, o distanciamento, o alheiamento. O preço: somente dizem "te amo" quando possuem muita segurança e muita certeza – e mesmo assim sofrem muito. Alguns diminuem o amor, outros o mata. Assim, vivem mais seguros, com o amor morto ou diminuído.
Será que é uma escolha boa?
Elas matam a "luz do fundo da alma" e depois perguntam: porque a vida é tão complicada. E Deus responde: "sabe aquela luzinha que tu apagastes com tanto esforço? Ela era a tua guia na vida, para iluminar teu caminho, para te trazer intuições, para transformar conhecimento em sabedoria, para ampliar tua consciência; enfim, para te levar ao Fluxo de Deus. Ela servia para te facilitar a vida, mas você decidiu que ela só complicava…"
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